quarta-feira, 26 de maio de 2010

"Emoções que Engordam"




Tristeza, ansiedade e estresse podem engordar tanto quanto comer demais. Cultivar a alegria de viver e a esperança contribui para deixar você em paz com a balança e com mais disposição para a vida.


Sentimentos podem pesar no coração e na balança, especialmente os mais difíceis de lidar. Tristeza, aflição, tédio, raiva, quando não são expressos em palavras, fazem os dígitos da balança subir bem mais do que um prato cheio na hora da fome. "Emoções contidas nos envolvem com mais força e tomam uma proporção exagerada. A tristeza, por exemplo, passa a ser tão importante que anula todos os outros acontecimentos bons da vida. Isso contamina o corpo, a alma e pode levar quem está triste a buscar refúgio na comida", diz a doutora Roseli Grimaldi, psicóloga e coordenadora do Grupo de Terapia Integrada no Tratamento da Obesidade, de São Paulo.

Foi o que aconteceu com o empresário Rogério Servullo, 42 anos. "Meu casamento de 15 anos acabou. A ex-mulher ficou com todos os bens e eu com a mágoa, a raiva, o ressentimento e 10 kg a mais. Não via graça em nada, a não ser ir ao supermercado, encher o carrinho de porcarias e devorar tudo", conta ele.

Essa é uma armadilha perigosa e na qual é fácil cair, pois, enquanto a boca está cheia, parece que a vida fica mais leve. Porém a sensação de bem-estar dura pouco e as calorias permanecem por muito tempo acumuladas no organismo. "Em um ano engordei muito. Procurei um psicólogo especializado em obesidade. Com cinco meses de tratamento, aprendi a canalizar minhas emoções, comecei a ter aulas de tênis e conheci novas pessoas. Hoje sei que a perda de peso foi conseqüência de ter retomado as rédeas de minha vida", diz Rogério.

Trabalhar demais e ter excesso de preocupação, as mais comuns causas de estresse físico e emocional, influi no funcionamento das glândulas e desequilibra o peso. Segundo a Associação de Estudos da Obesidade, de São Paulo, o estresse impede a eliminação de gordura. O corpo exausto produz o cortisol, hormônio estimulante que retém água e sódio no organismo. Esse inchaço impede que a gordura se dissolva e seja eliminada pelo organismo.

Já a ansiedade estimula o apetite: provoca um medo crescente e difuso, o que aumenta a produção de adrenalina, para permanecer em estado de alerta. Isso faz com que o pâncreas - o órgão que regula o nível de açúcar no sangue - secrete mais insulina, provocando mais fome. A depressão impede rins e intestinos de trabalhar bem, e o sono fica alterado, retendo toxinas no corpo. Resultado: o peso aumenta.

Desde criancinha

Não é à toa que 75% das pessoas que sofrem com excesso de peso busquem a comida como compensação para necessidades emocionais e não físicas, segundo dados da Associação de Estudos da Obesidade. Desde a infância, ouvimos que a comida da vovó é gostosa e nos deixa fortes, a sopa quentinha da mamãe cura nossas dores e que um doce é a melhor das recompensas. Sim, isso é verdade. Porém, quando nosso estado emocional não está equilibrado, é como se a mente buscasse alento nessas lembranças infantis. "O círculo vicioso de comer para compensar emoções mal assimiladas gera um apego tão grande ao alimento quanto o que temos às emoções", diz o psicanalista Marco Antonio Tommaso, especializado em transtornos alimentares e um dos pioneiros do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas, em São Paulo. "Comer passa a ser uma bengala sem a qual é impossível viver", diz.

Força que vem de dentro

A saída segura, que favorece manter o peso e a auto-estima, é enfrentar com paciência e coragem as emoções mais difíceis. "Dessa forma, as coisas que vêm de fora não nos abalam com facilidade, desequilibrando o corpo e a mente", diz o médico Ronaldo Perlatto, da Clínica Artemísia e da Clínica Tobias, de São Paulo. A arquiteta paulista Letícia Rangel, 35 anos, foi demitida e entrou em depressão. Não conseguiu outro emprego e controlava a ansiedade comendo biscoitos, o que rendeu a ela 8 kg a mais. "Olhei o espelho e vi que não merecia o que estava fazendo comigo. Engordar não resolvia nada. Ao contrário: com peso extra, a aparência piorava e isso refletia em cada entrevista de emprego. Troquei os biscoitos por meditação, ouvia música para me tranqüilizar e entendi que comia por angústia. Então, a porta aberta para a comilança se fechou: no primeiro mês, eliminei 5 kg e depois mais 3 kg. O emprego ideal ainda não apareceu, mas tenho propostas de trabalho e um corpo de que gosto muito", conta Letícia, orgulhosa.

Como ficar mais leve

Fazer um histórico da própria vida e expressar o que sente são passos importantes para aliviar o estresse e quebrar o hábito de comer por compulsão. O médico Ronaldo Perlatto, de São Paulo, aponta algumas atitudes que ajudam a ficar realmente mais leve.

. Observe seus sentimentos. Se você compreender como canalizar ou expressar sua tristeza, raiva e descontentamento, ficará menos sujeito a comer por compulsão.

. Elimine o excesso de cobranças. Ninguém é perfeito e você não deve permitir que lhe cobrem isso. Quando não se sentir capaz de superar uma situação difícil, peça ajuda. Saber delegar abre espaço para que coisas novas aconteçam em sua vida, evitando o cansaço e a falta de perspectivas.

. Exercite a palavra "não". Quando realmente estiver sem disposição para realizar alguma tarefa ou atender a alguém, recuse claramente, em vez de ficar frustrado.

. Ouça a intuição. Sua voz interior e seu desejo de emagrecer são muito mais poderosos do que qualquer dieta ou remédio.

. Quando estiver cansado, não coma. Isso dificulta a digestão e impede que os alimentos nutram o corpo. Descanse por alguns minutos antes das refeições.

. Expresse sua raiva. Ao senti-la por alguém ou alguma coisa, compense colocando essa energia pesada para fora. Faça alguma atividade física, cante bem alto, escreva tudo que vier à cabeça.

. Não fique só. Nos momentos em que estiver triste, procure contato com amigos sinceros ou crianças, de preferência ao ar livre. Isso acalma e conforta.

. Seja o vigilante dos seus pensamentos. Quando sentir medos e preocupações invadindo você, visualize-os indo embora. Recorra às boas lembranças e concentre-se nos pensamentos bons.

. Distraia-se. Se a vida tem muito mais compromissos do que prazeres, a balança precisa ser equilibrada. Eleja atividades que tragam alegria e não abra mão delas em sua rotina.

. Fique em paz. Não trace metas impossíveis de emagrecimento porque elas dificilmente serão cumpridas. Comemore cada grama perdido porque essa vitória é só sua.

. Seja despreendido. Não se apegue a valores, conceitos e regras impostos socialmente. Concentre-se no que você acredita ser bom para sua vida.


2 comentários:

  1. Nossa amei amig Eu estava precissando disto,tenho q melhora mas meus abitos..

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  2. É isso aí!!! O estímulo NOS AJUDA E MUIIITTTOOOO!!!! Beijos

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